A partir deste meio de julho, (mais exatamente a partir do dia 16 deste mês), o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) caminha para meio século de existência.
Estava ultrapassado o Período Revolucionário em Curso (PREC) e aprovada a Constituição em abril de 1976, quando, nesse verão, o Decreto-lei n.º 557/76 criava o primeiro parque natural português, com uma extensão de 100.000 hectares.
Coisa nova, que era por estas bandas, o Parque, como todos lhe chamavam, passou logo a ser olhado de soslaio por quem aqui vivia e trabalhava, por começar a dar conta que as limitações que o PNSE trazia à sua vida eram maiores que as benesses que daí podiam advir.
Hoje, volvidos 49 anos, o Parque continua a ter com os habitantes da zona protegida (muita mais pequena que a inicial) uma relação de amor/ódio, que nem a integração na Rede Natura 2000, veio ajudar.
Se há quem encontre razões para defender a área protegida, outros há que entendem que o mesmo não é mais do que um obstáculo ao desenvolvimento dos concelhos onde se insere, havendo mesmo atitudes do Parque que são contestadas pelos ambientalistas por verem na sua ação pouca proteção a uma área que deviam proteger.
A um ano de comemorar uma data simbólica, 50 anos, o Parque não conseguiu ainda fazer as pazes com os homens, que nesse espaço convivem com os animais e plantas, sendo, também eles, uma parte importante do seu ecossistema.
A culpa talvez esteja no afastamento que muitos responsáveis pela gestão do Parque
mostraram ao longo destas décadas de existência. Isso, mesmo numa época em que a sua sede, repleta de vida, se localizava no seu território. Ou ainda numa legislação que com o cuidado de proteger se afasta do que é verdadeiramente essencial: proporcionar o fruir da natureza.
A caminho do meio século, seria bom que o Parque conseguisse aquilo que a Serra não faz: unir!
Seria um bom motivo para cantar os parabéns ao PNSE.