Foi prestada esta tarde, na Guarda, uma homenagem ao advogado João Gomes, defensor da liberdade, e apresentados quatro livros alusivos aos 50 anos de Abril. Foi das poucas iniciativas que o Município da Guarda decidiu manter na agenda das comemorações da “Revolução dos Cravos”. A maioria das actividades foram adiadas, por respeito ao luto nacional pelo falecimento do Papa Francisco.
Para além da sessão solene comemorativa, realizada Sexta-feira, decorreu hoje a apresentação de quatro livros: a colectânea “A Guarda e o 25 de Abril: Memória(s) e Desafios”; “Uma Porta para a Liberdade, o Ser e o Agir: Breve Biografia de Luís Erse Baeta de Campos”, “Cândido da Conceição Pimenta: O Resistente” e “Augusto José Monteiro Valente, Major-General do Exército Português (1944-2012), Capitão de Abril: Republicano, Cidadão e Historiador”.

«Estes quatro volumes vêm contar a história com rigor mas também com o coração. Saíram do prelo para dar voz aos protagonistas de ontem e de hoje. São tributos que pretendem ser um agradecimento de todos os guardenses àqueles que abriram caminho para uma sociedade pluralista e democrática, alicerçada nos direitos civis. Dar a descobrir a vida de quem merece ser biografado é tempo forçosamente bem empregue e um bom serviço prestado à comunidade», afirmou Thierry dos Santos, técnico superior da autarquia e membro da Comissão de Coordenação das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.
Quanto ao primeiro livro, «são revisitados um dos momentos mais decisivos da história contemporânea portuguesa», escreve, na nota de abertura, o presidente da Câmara, Sérgio Costa, acrescentando que «reúne um conjunto abrangente de testemunhos e imaginários pessoais de todos os quadrantes e diversidade de opiniões políticas, sem esquecer a radiografia da Guarda e da sua região». Nos restantes três livros surgem como protagonistas da liberdade «três homens que colocaram a sua vida ao serviço de ideais maiores e que, com coragem e lucidez, nos deixaram o exemplo de que devemos continuar a transmitir geração após geração», evidenciou o autarca.

A terminar esta sessão, foi feita uma homenagem a João Gomes, advogado e acérrimo defensor da liberdade. Aproveitando a presença de Sérgio Costa, Aguinaldo Nave, que terá sido o último estagiário de João Gomes, lançou hoje o repto à Câmara da Guarda para «homenagear mais profundamente» o advogado. Na sua opinião, a Guarda ainda não prestou o merecido tributo «a quem foi tão apaixonado pela sua terra», tendo mesmo sugerido que «fosse colocado um busto em sítio relevante, de preferência no castro histórico».

João Gomes nasceu na Guarda em 26 de Julho de 1912 e faleceu em 2003. Foi sempre fiel aos seus princípios, tendo aderido ao Movimento de Unidade Democrática e apoiado Norton de Matos e Humberto Delgado. Abraçou o socialismo e manteve-se sempre como defensor da liberdade. Foi governador civil e mandatário da candidatura de Maria do Carmo Borges à Câmara da Guarda. Em 1988 recebeu a “medalha de prata” da autarquia da Guarda e o seu nome está inscrito numa das ruas na zona do Torrão, na Guarda. Em 2009, a Câmara da da Guarda editou o livro “João José Gomes, Homem do pensamento e da Cultura/Homem da palavra e da acção”.