Quarta-feira, 21 Maio, 2025
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Preços dos quartos para arrendar a estudantes, e não só, em todo o país

Segundo o site idealista.pt o número de quartos para arrendar quase duplicou no prazo de um ano em todo o país, mas terá sido em Coimbra onde a oferta mais subiu (364%). No Porto a mesma oferta aumentou 5% e em Lisboa desceu 8%. Na Guarda subiu 53% e em C. Branco baixou 24%. Por sua vez, os preços dos quartos para arrendar que aumentaram em 13 das 19 capitais de distrito do continente e ilhas variam entre os 190 euros da Guarda, os 230 de Castelo Branco e os 500de Lisboa (em termos de preços medianos).

Vem esta introdução a propósito de alguns dados que o siteidealista publicou nos últimos dias que versam exatamente essa realidade, bem importante para tanta gente, de estudantes que precisam dos alojamentos, aos proprietários dos imóveis que precisam desta receita para equilibrarem os orçamentos familiares ou das empresas. Falámos de estudantes, mas a verdade é que não são os únicos a procurar esta solução de alojamento.

Como o texto acompanhante refere, os quartos para arrendar já não são só procurados por estudantes deslocados nas várias cidades do país onde há universidades ou institutos politécnicos. De facto, dada enorme escassez de casas oferecidas e o elevado custo da habitação seja para comprar seja para arrendar em Portugal, sobretudo nos grandes centros, há muita gente a procurar casas partilhadas para viver. E isto aplica-se tanto a jovens em início de carreira, como a pessoas solteiras, separadas ou outras que que estão a enfrentar dificuldades financeiras, ou estudantes deslocados.

Muitos proprietários já estão a adaptar-se tambéma este tipo de negócio, assistindo-se mesmo, nesta altura, a um expressivo aumento da oferta de quartos destinados a este fim. De facto, no início de 2025, o número de quartos nestas condições registou uma subida de 91% face ao mesmo período do ano passado, aumento que, mesmo assim, não impediu que os preços subissem 4% num ano. 

Repartição da oferta de quartos por distritos

A oferta de quartos para arrendar por capitais de distrito/regiões autónomas, cresceu enormemente, registando-se até 6 cidades com crescimentos superiores a 50%. É o caso de Coimbra onde a oferta de quartos para arrendar mais aumentou (364%), do Porto (137%), de Lisboa (128%), de Viseu (72%), de Portalegre (65%) e da Guarda (53%). Ainda com um aumento também expressivo, embora inferior a 50%, estão Bragança (36%), Braga (18%), Aveiro (18%), Viana do Castelo (17%), Setúbal (10%) e Leiria (2%).

Contudo, outras cidades capitais de distrito houve em que a oferta não cresceu, como é o caso de Santarém, manteve-se estável (0%) entre o início de 2025 e o mesmo período do ano passado, e daquelas em que decresceu mesmo como Évora (-40%), Ponta Delgada (-37%), Vila Real (-27%), Faro (-26%), Castelo Branco (-24%), e Funchal (-21%) (ver gráfico).

Preço dos quartos para arrendar também subiu: repartição das subidas pelas cidades do país

Apesar da subida da oferta que registámos acima, os preços dos quartos para arrendar cresceram em 68% das cidades, ou seja, em 13 das 19 capitais de distrito/região autónoma analisadas. Mas foi no Funchal que os preços mais subiram, pois ficaram 50% mais caros do que no mesmo período do ano passado.

Também outras cidades seguiram o mesmo rumo do Funchal como Faro (33%), Aveiro (32%), Setúbal (30%), Évora (23%), Braga (17%), V. do Castelo (17%) e Portalegre (14%). A estas seguiram-se outras com menores subidas como foram os casos de Coimbra (10%), Ponta Delgada (10%), Porto (5%), Vila Real (4%) e Leiria (3%). Por sua vez em Santarém e Viseu, os preços mantiveram-se estáveis, i. é, não subiram nem baixaram. Mas houve também 32%, ou seja, 4 em 19 capitais de distrito, em que os preços até desceram como são os casos de Castelo Branco (-23%), Bragança (-15%), Lisboa (-8%) e Guarda (-5%).

Análise dos preços individuais por quarto para arrendar

Mas como as oscilações da oferta e das taxas de variação também os preços dos quartos são diferentes de umas cidades para outras. De facto, Lisboa continua a ser a cidade com os quartos mais caros para arrendar, onde os preços rondam os 500 euros/mês (p. mediano), seguida pelo Funchal (450), pelo Porto (420), Faro e Ponta Delgada (ambos com 400), Aveiro (397), Setúbal (390), Évora (370), Braga e Viana do Castelo (350), Coimbra (330), Leiria e Santarém (300). Mas, as cidades mais económicas para arrendar quarto em Portugal são, sem surpresa mais uma vez, a Guarda (190), Bragança (200), Castelo Branco (230), Portalegre (250), Vila Real (250) e Viseu (260). O quadro abaixo mostra-nos o preço mediano de um quarto em março de 2025 e a sua variação percentual (%) entre o 1º trimestre de 2025 e o mesmo período do ano anterior.

Mas quem procura quartos para arrendar no nosso país? 

Como referimos os dados publicados nesta análise referem-se não apenas ao arrendamento de quartos para estudantesuniversitários/politécnicos, mas também ao de outros jovens nos seus primeiros anos no mercado de trabalho, e nalguns casos até mais tarde, que não têm recursos para arrendar ou comprar uma casa. De facto, a atual realidade do mercado de arrendamento português, nas grandes cidades, faz com que seja difícil para muitas pessoas solteiras, separadas e até casais jovens e com baixos salários, pagar o arrendamento de uma casa. Nestas condições, o arrendamento de uma casa partilhada, ou de um quarto, é por vezes a opção mais vantajosa, pelo menos aquela que conseguem pagar, pelo que partilhar casa é uma solução para muitos jovens que desejam ser independentes, que querem sair da casa dos pais, uma tendência que vem lá de fora, do estrangeiro, mas que deverá crescer, nos próximos anos, também em Portugal.

Como é habitual terminamos reafirmando o que estes dados deixam bem evidente mais uma vez: é urgente fazer alguma coisa, isto é, levar a cabo investimentos estruturais no interior, que criem riqueza e empregos bem remunerados, que ajudem a corrigir as desigualdades entre os diferentes distritos e regiões do país, que fixem e invertam a queda abrupta de população destas terras ‘esquecidas’, investimentos estes que são, geralmente, canalizados para o litoral onde a maioria dos eleitores estão radicados como bem sabemos.

*Professor catedrático, ObservatórioDesenvolvimento Económico e Social

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