O incêndio que há uma semana deflagrou no Piódão, em Arganil, segue descontrolado em direção à Torre, deixando um rasto negro entre a Serra do Açôr e o ponto mais alto da Serra da Estrela.
Nas duas frentes que cercam Alvoco da Serra, a aldeia mais próxima da Torre, encontram-se a combater o fogo 323 operacionais, apoiados por 52 viaturas e quatro máquinas de rasto.
Além de uma imensidão de chamas e fumo, o que se vê é um corrupio de carros de bombeiros – do Norte ao Alentejo -, estrada abaixo estrada acima, limitando-se a ficar concentrados na estrada junto às habitações.
“Já não há bombeiros como antigamente, em que se viam centenas de metros de mangueiras espalhadas pelo chão para tentar combater o avanço das chamas”, diziam alguns moradores.
“Estamos à espera de ordens”, respondiam alguns dos operacionais aos populares que não entendiam o porquê de “deixar arder”.
Nas críticas que vamos ouvindo, também lamentam o facto de não aparecerem logo de manhã os meios aéreos para apagar os pontos quentes do rescaldo que vem sendo feito todas as noites com o auxílio das máquinas de rasto.
Este lamento foi também ontem transmitido pelo presidente da Câmara Municipal de Seia. Para Luciano Ribeiro, todo o trabalho que é feito durante a noite para conter e controlar as chamas, com máquinas de rasto, sapadores e “bombeiros, que andam literalmente pendurados em ravinas para criar aceiros”, acaba por não ter efeito.
“A frente é tão grande que a vigilância torna-se cada vez mais difícil com a falta de meios e com a recuperação de homens e mulheres. Não havendo meios aéreos para poder ajudar e abrandar as reativações, todo o trabalho que é feito vai para o lixo”, disse.
Luciano Ribeiro afirmou ainda não compreender “porque é que nem se se segura a frente do incêndio, nem se resolve nada na cauda”, num concelho que é afetado desde o primeiro dia pelo fogo que deflagrou dia 13 de agosto, em Arganil. (Foto: Bombeiros de Seia)
José Manuel Brito (Seia Digital)
