Retomar

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Ao nascer, o nosso cabelo pode ser muito, pouco ou quase nenhum.

O implacável caminhar do tempo há de fazer com que a cabeleira se perca (para alguns) e a sua cor se vá perdendo, (ao que dizem numa manifestação de sabedoria) para, aos poucos, ir ganhando cãs.

Podemos assim escrever que este novo projeto informativo não tem ainda, sobre ele, a espada da peste grisalha, expressão que, certo político, em tempos utilizou.

Certo é que este é um tempo repleto de factos jornalísticos, não só nacionais como internacionais, uma vez que o país vai a votos para eleger um parlamento e uns meses depois regressará às urnas para eleger o poder local.

Só isto seria relevante para que o universo das notícias vivesse em efervescência. 

Sim, porque fazer listas para atos eleitorais, além de um secretismo com poucos segredos, é também algo de emotivo e com muito pouco de racional, já que o posicionamento dentro das máquinas partidárias e o “contar de espingardas” são elementos importantes para ocupar cadeiras no parlamento ou nos órgãos autárquicos.

Ora, tal é sempre matéria capaz de dar boas caixas!

Acontece ainda que o mundo, tal como o vínhamos conhecendo, não existe mais, vivendo-se hoje um tempo estranho, de incertezas e inseguranças que nos devia obrigar a questionar sobre a qualidade que queremos nos políticos a eleger.

Infelizmente, olhando para as listas de candidatos de todo o país, noto que os melhores, os homens bons que poderiam fazer a diferença, não estão lá, ficando de fora num momento em que seria necessário tê-los em lugares de decisão.

Um amigo dizia-me há dias: – não há muito quem queira servir politicamente o país. O mesmo podemos aplicar à região.

Uma realidade que constatamos ao olhar os atores menores que entram no palco dos diversos cenáriospolíticos a nível local.

Acrescentemos a isto o descrédito. Da política e dos políticos em que o pior exemplo é dado pela dança das cadeiras, que faz autarcas saltar entreconcelhos e instituições por terem esgotado o tempo de mandatos, ou de dirigentes nacionais que negoceiam candidatos nas costas das distritais que os carregam aos ombros.

Reflexões feitas, ou talvez não, talvez possamos lembrar a quem regressa que as palavras podem voltar sobre quem as proferiu, por também já “haver neve na serra” e as cãs poderem dar-lhe alguma “sagesse”. 

É que para peste capilar, já nos chega a de um certo político com cabelo pintado.

Porquê “Cordão Umbilical” para nome deste espaço: Porque é ele que nos liga à vida no ventre materno e nos deixa, para sempre, ligados a um lugar que é nosso, não necessariamente porque nele nascemos.

Luís Bruno Tavares