Ana Paula Duarte é, desde esta semana, a primeira mulher a ocupar o cargo de topo da Universidade da Beira Interior (UBI). A cerimónia de tomada de posse ocorreu na passada Segunda-feira, tendo a reitora destacado como prioridades para o mandato 2025-2029, «afirmar a UBI na excelência da sua missão, no ensino, investigação e inovação, e compromisso com a comunidade», bem como afirmar a instituição como «uma universidade mais transparente, humana, inclusiva, participativa, envolvida com a comunidade do território que a acolhe, e consciente do seu potencial».
Aumentar o número de investigadores, promover a estabilidade do corpo docente, apostar na formacão contínua e na valorização de todos os membros da comunidade académica, bem como na valorização do património, o que «implica responder à necessidade de aumentar as instalações da UBI, nomeadamente com a construção de uma nova residência universitária», são algumas das metas traçadas por Ana Paula Duarte.
Depois de enaltecer «o contributo e o esforço de todas as pessoas que, desde a sua fundação, empreenderam o caminho para alicerçar, desenvolver e consolidar uma universidade que se distingue pela qualidade e sucesso na sua missão», a reitora deixou «uma palavra específica para a comunidade estudantil», dizendo que «os estudantes são a “alma da instituição”, são verdadeiros embaixadores da UBI e constituem uma massa crítica determinante para a melhoria contínua do funcionamento da instituição».
No discurso de tomada de posse, Ana Paula Duarte não deixou também de evidenciar que o facto de ser a primeira mulher a ficar à frente dos destinos da UBI, se reveste de um momento simbólico. «Não me vejo como exemplo, mas gosto de pensar que, algures, uma rapariga olha para a UBI e pensa que este é um espaço onde as mulheres podem aspirar a todos os lugares de liderança que pretendam conquistar, aqui e em qualquer lugar», realçou a nova dirigente, que espera que «este passo ajude a reforçar a UBI como promotora da igualdade de género»
Plano de acção para os próximos anos
Ana Paula Duarte aproveitou também para agradecer à equipa que a acompanha no desafio de implementar o programa eleitoral, «com um olhar específico para os desafios associados ao Ensino e à necessidade de adaptar o modelo pedagógico às novas tecnologias e ao perfil da nova geração de estudantes; na Investigação e Inovação, com um foco na realização de actividades de elevado nível e que se distingam pelo seu impacto directo na resolução de problemas da sociedade, no reforço do apoio à produção científica e na captação de financiamento a nível nacional e internacional».
Enumerou depois «um conjunto de prioridades e desafios que norteiam o plano de acção para os próximos anos», que «está assente em três pilares centrais (Ensino, Investigação e Inovação e o Compromisso com a Comunidade)» e «em sete eixos de suporte (Pessoas; Responsabilidade Social; Desporto, Saúde e Bem- estar; Comunicação e Cultura; Modelo Organizacional; Instalações e Património e Recursos Financeiros)». Esse plano tem ainda em conta «sete dimensões de actuação transversais (liderança participada, internacionalização, sustentabilidade, qualidade, transparência, transformação digital, inclusão, diversidade e igualdade de oportunidades).
Concretamente em relação ao Ensino, que, salientou a reitora, é «de qualidade», «importa nos próximos anos reforçar este caminho, adaptando o ensino aos desafios da transformação digital, bem como à avaliação de modelos pedagógicos diferenciados e que propiciam melhores resultados». «É o momento de repensar, juntamente com os departamentos e as faculdades, o reforço da oferta de 2ºs e 3ºs ciclos, permitindo, deste modo, uma oferta formativa mais interdisciplinar e adaptada às necessidades do mundo actual», sustenta, adiantando que «existe margem para aumentar o número de estudantes, principalmente nestes ciclos de estudo e em cursos de formação ao longo da vida». «Para isso, deixo um compromisso com a necessidade de promover a estabilidade do corpo docente, combatendo a precariedade e fomentando a abertura progressiva de concursos para ingresso na carreira, valorizando o mérito e o percurso de cada docente, com reforço dos concursos de progressão na carreira», acrescentou.
Na Investigação e Inovação, estabeleceu como metas o aumento do número de investigadores, maior integração em redes internacionais – como a UNITA -, o fomento da investigação multidisciplinar e o reforço do apoio às unidades de I&D na submissão de candidaturas nacionais e internacionais.
«Assegurar o contributo da instituição para a revitalização económica, social e cultural da região em que se insere», é também um objectivo da nova dirigente, que considera que «os próximos quatro anos serão de consolidação destes laços, e do compromisso ético e social da Universidade para com o desenvolvimento do território».
Reconhecida a necessidade de ser construída uma nova residência universitária
Ana Paula Duarte prometeu que será dada «continuidade à renovação das infraestruturas da Universidade» e reconheceu a necessidade de «aumentar as instalações da UBI, nomeadamente com a construção de uma nova residência universitária, de um novo edifício centrado na inovação e empreendedorismo e de novos espaços de trabalho e estudo nas diversas faculdades».
A reitora admite que o programa e o conjunto de acções que preconiza «não se alcançam de forma isolada», sendo, por isso, «necessário ter em conta o contexto político, nomeadamente as prioridades definidas no Programa de Governo e a necessidade de continuar a exigir da tutela um olhar mais atento às especificidades da UBI e da nossa região».
«Neste contexto de incerteza política, social e económica, temos de trabalhar para que a Universidade seja “casa comum”, contribuindo para a formação de novas gerações, mais bem preparadas e qualificadas para enfrentar este contexto em constante mutação», disse, considerando, por isso, que é necessário «assegurar uma actualização e modernização contínua dos modelos de ensino, das infraestruturas e espaços de convívio da Universidade e da ligação da Universidade ao tecido social e económico envolvente».
Sem querer deter-se sobre «o sobejamente conhecido subfinanciamento crónico a que a Instituição esteve sujeita nos últimos anos», a reitora salientou «a necessidade de o poder político encarar as universidades do Interior como estruturas fundamentais para a coesão territorial». «Exigimos igualdade de tratamento e o devido reconhecimento da importância e do trabalho que, diariamente, permite assegurar o funcionamento da UBI e de todo o cosmos que gravita em torno da instituição. Com mais recursos, faremos sempre mais e melhor», defende Ana Paula Duarte.
Vice-reitores também já tomaram posse

Na mesma cerimónia – que contou com intervenções de João Casteleiro Alves, presidente do Conselho Geral da UBI, e de João Nunes, presidente da AAUBI – tomaram posse como vice-reitores Silvia Socorro (Investigação, Inovação e Desenvolvimento), Amélia Augusto (Qualidade, Responsabilidade Social e Acção Social), Helena Alves (Ensino, Assuntos Académicos Empregabilidade), Sílvio Mariano (Património, Infraestruturas e Sustentabilidade), João Leitão (Financeira, Modernização Administrativa e Interação com a Comunidade), Pedro Inácio (Estratégia Digital, Gestão da Informação e Capacitação de Recursos Humanos) e Bruno Costa (Internacionalização e Comunicação Institucional). Por tomar posse está ainda Henrique Neiva, que será Pró-Reitor para o Desporto e Campus Saudável.
A primeira mulher a ocupar o cargo de topo da UBI
Ana Paula Duarte é a primeira mulher a ocupar o cargo de topo da Universidade da Beira Interior (UBI). A professora catedrática, de 63 anos, foi eleita no dia 6 de Junho como reitora, ao conseguir 23 votos favoráveis no Conselho Geral, enquanto o seu adversário, Abel Gomes, só conseguiu três votos.
Como é recordado na página oficial daquela universidade, Ana Paula Duarte é natural de Pombal, licenciada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de Coimbra, doutorou-se em Engenharia do Papel na UBI, instituição onde apresentou também Provas de Agregação, em Engenharia do Papel. Iniciou carreira profissional como Técnica Superior de Laboratório no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Distrital do Fundão, em 1986, tendo desempenhado esta função até 1987.
A 21 de Setembro do mesmo ano ingressou na UBI, no Departamento de Ciência e Tecnologia do Papel da Faculdade de Engenharia, tendo chegado a Professora Catedrática em 2009. Em 2009, na sequência da extinção do Departamento de Ciência e Tecnologia do Papel, passou a integrar os quadros da Faculdade de Ciências da Saúde, até ao presente.
Além da carreira de docente e investigadora, participou em diversos órgãos da UBI, destacando-se o cargo de Vice-Reitora da Investigação e Inovação entre 2009 e 2013, tendo criado o Instituto Coordenador da Investigação, que também presidiu.
Foi ainda eleita para o primeiro Conselho-Geral da UBI, em 2008. Voltou a integrar o órgão nos mandatos iniciados em 2016, 2020 e 2024, tendo encabeçado listas nos dois primeiros. Coordenou o Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS-UBI), em dois mandatos sucessivos, entre 2015-2019.
Aquando da eleição para reitora, exercia a vice-presidência da Faculdade de Ciências da Saúde para a Investigação, Projectos com a Comunidade e Gestão dos Núcleos da Faculdade, função que desenvolve desde 2017, e era também directora do Doutoramento/3.° Ciclo em Ciências Farmacêuticas.