Pela primeira vez, o Simpósio Internacional de Arte Contemporânea (SIAC) da Guarda decorreu nas últimas duas semanas de Julho, uma data que, na opinião do coordenador do Museu da Guarda, Thierry dos Santos, poderá ser a mais adequada para esta iniciativa da Câmara Municipal. É que, justifica, «muita gente está de férias e, portanto, mais disponível», exemplificando que, prova disso, foi o facto de «os cursos de arte, nomeadamente um de gravura e outro de cerâmica, terem sido muito concorridos». Para além disso, o Simpósio «não colide com outros eventos e acaba por ter o seu público e os artistas também mais disponíveis nesta altura, o que é óptimo», adiantou o dirigente em declarações ao jornal “Todas as Beiras” (TB). Como alguns dos participantes são professores, fazer o evento em finais de Julho, numa altura em que estão mais disponíveis, «também pode ser uma vantagem», salienta.
Thierry Santos esclarece que ainda não reuniu com os colegas para fazer essa reflexão, mas já trocou impressões com alguns deles e há o sentimento de que fazer o SIAC em Julho «é capaz de ser uma boa ideia, assim como aproveitar para estabilizar o evento em determinado momento do ano».
De recordar que as primeiras cinco edições do Simpósio ocorreram em Junho e as duas seguintes em Novembro, «a pensar nas escolas», explicou, mas certo é que «o público adere mais nesta altura, uma vez que há muita gente de férias».
“Atrás de tempo, tempo vem” foi o lema desta oitava edição do Simpósio Internacional que decorreu durante uma semana em vários espaços da cidade e que incluiu residências artísticas, oficinas, visitas guiadas, performances e intervenções no espaço urbano, tendo contado com o envolvimento de mais de 35 artistas nacionais e internacionais.
Durante estes dias cruzaram-se várias linguagens artísticas como pintura, escultura, gravura, fotografia, arte digital, arte urbana, instalação, teatro de rua, poesia e música. Para Thierry dos Santos, «este ano foi especialmente feliz não somente pelo facto de o Museu celebrar os seus 85 anos mas também pelo facto de se ter criado uma simbiose de sentimentos, de ideias, que tornou este simpósio extremamente simpático. Os artistas divertiram-se trabalhando e isso nota-se quando apreciamos as obras executadas» na semana passada, afirmou na pequena sessão de encerramento do SIAC, salientando que «deram um legado muito bom a este museu».« Em cada obra que realizaram sentimos a sua presença e a sua personalidade», frisou.
Num breve balanço da 8ª edição, Thierry dos Santos disse ao TB que fazer o SIAC em Julho foi, para a equipa do Museu, «uma experiência, um desafio» porque nunca tinha sido feito nesta altura. «Não sabíamos como é que o público iria reagir, embora, para nós, fizesse sentido que o SIAC se fizesse nesta semana» porque abrangeria a data do aniversário do museu, que fez 85 anos no passado dia 30 de Julho.
«Estamos muito satisfeitos com o resultado porque o público aderiu claramente, não somente turistas que nesta altura do ano vêm descobrir ou passar uns dias na cidade da Guarda mas também muitos guardenses aderiram e alguns até assistiram a todas as actividades do SIAC, o que para mim foi uma agradável surpresa porque nas últimas três edições que acompanhei não tinha verificado essa situação», afirmou o coordenador do Museu.
Na sua opinião, «o naipe de artistas convidados – alguns deles são filhos da terra, conhecidos do museu – ajudaram a integrar os participantes que vieram do estrangeiro ou de outras zonas do país e ajudaram a integrá-los no grupo, num ambiente de trabalho muito criativo, muito divertido». «Trabalharam divertindo-se e divertiram-se trabalhando e criou-se um ambiente que transbordava de um grande optimismo. Sentiram a Guarda e saem daqui com uma impressão muito positiva da cidade», salientou, com regozijo o dirigente, que entende que, no fundo, serão os novos embaixadores da Guarda.
«A ideia foi recebê-los bem, ficarem a gostar da nossa cidade para que, quando andarem por esse mundo fora, darem as melhores indicações de como os artistas são tratados na Guarda. Julgo que, desse ponto de vista a equipa do Museu da Guarda tem feito bem o seu trabalho», disse ainda Thierry dos Santos, admitindo que «não há organizações perfeitas, haverá sempre coisas a melhorar, a repensar». Mas, seja como for, considera que «o balanço é francamente positivo». «Temos sempre que manter um espírito crítico relativamente àquilo que fomos fazendo mas também temos o direito de nos sentirmos satisfeitos quando o trabalho, de algum modo, ficou bem realizado», realçou.
«As obras estão à vista e cada qual poderá avaliá-las», refere, frisando que «são muito diversas». «Tivemos essa preocupação, desde convidar uma criadora de arte têxtil a um escultor que trabalha o metal, passando por um outro escultor que trabalho o barro e outra escultura que trabalha materiais sintéticos, criando figuras muito curiosas, muito sugestivas ou que dizem muito aos guardenses, como no caso da obra do Pedro Figueiredo que se inspirou na lenda da Ribeirinha e dom Sancho», evidenciou.
Realçou ainda o caso da «artista ucraniana especializada em edifícios históricos, que fez uma belíssima representação da fachada do edifício do Museu da Guarda e do Paço da Cultura, sendo uma forma de celebrar o edifício onde o museu se encontra instalado».
Para além disso, há também obras com «outras linguagens mais abstractas, mais coloridas, sugestivas, que combinam o figurativo e o abstrato, mas tudo numa linguagem muito contemporânea, muito actual e que vai com certeza agradar a quem visitar. A Guarda».
8º SIAC sob o lema “Atrás de tempo, tempo vem”
“Atrás de tempo, tempo vem” foi o lema desta oitava edição do Simpósio Internacional de Arte Contemporânea – Cidade da Guarda (SIAC), que decorreu entre os dias 24 e 31 de Julho, em vários espaços da cidade, como o Museu, a Capela do Solar dos Póvoas, o Teatro Municipal e as ruas, entre outros. Esta edição, que, segundo o município, contou com o envolvimento de mais de 35 artistas nacionais e internacionais, incluiu residências artísticas, oficinas, visitas guiadas, performances e intervenções no espaço urbano. Durante estes dias cruzaram-se várias linguagens artísticas como pintura, escultura, gravura, fotografia, arte digital, arte urbana, instalação, teatro de rua, poesia e música.
Esta 8ª edição incluiu várias exposições, nomeadamente “Panorâmica II” de Filipe Rodrigues e Júlio Cunha, a exposição evocativa de Jerónimo Brigas, “Manuel Colmeiro: gravura em ponta seca” cedida pelo Museo de Artes del Grabado a la Estampa Digital Ribeira – A Coruña e “Guarda: lugares e momentos que só eu sei”, organizada por Arménio Bernardo.
Ao longo da iniciativa decorreram vários concertos, nomeadamente o trio de sopros (flauta, clarinete e fagote) da Orquestra Clássica do Centro, no terraço da Sé Catedral; o quarteto Concentus Per Tempora Ensemble (violino, alaúde, guitarra e contrabaixo) na ExpoEcclesia e o recital de piano de Mário Laginha no pátio do Museu. Na Capela de S. Pedro decorreu o espectáculo sobre a vida de Frei Pedro da Guarda e o imaginário criado em seu redor, uma criação artística colectiva de Ana Freire da Silva, Bianca Mendes, Cátia Reinas, Mafalda Santos, Pedro Leitão, Rita Santos, Ricardo Augusto e Tiago Marques, orientada por Pedro Leitão e Ricardo Augusto.
As obras executadas por diversos artistas durante as residências artísticas da 8ª edição do SIAC- Simpósio Internacional de Arte Contemporânea poderão ser apreciadas durante dois meses na Galeria Espaço#4, do Museu da Guarda e depois integrarão exposições itinerantes.
Os trabalhos foram criados por diversos artistas portugueses (Adriana Pires Almeida, Carlos Adaixo, Pedro Figueiredo, Rui Coutinho, Rui Miragaia e Susana Borges) e também por alguns oriundos de outros países: Kateryna Ilchuk (Ucrânia), Jarek Mankiewicz (Polónia), Niurka Bou e Raonel (Cuba) e António N. Fernández (Espanha).
Na edição deste ano, enquanto Styler e Telmo Lourenço criaram murais na Escola Secundária Afonso de Albuquerque e no Hotel Versatille, Desy CXXII é o autor da transformação em suporte artístico da cabine telefónica situada no Largo Frei Pedro.








