A tradicional e secular Feira Anual de São João realiza-se amanhã, a partir das 7 horas, no Parque Urbano do Rio Diz, na Guarda. Neste dia haverá ainda a Feira de Gado, junto à Quinta da Maúnça, na área do futuro parque de leilão de gado, organizada pelo município e pela associação de criadores – Acriguarda. Numa nota informativa, a autarquia adianta que está prevista a participação de mais de 50 produtores do concelho da Guarda.
Feira criada em 1255 por carta régia assinada por D. Afonso III

Ao longo de séculos, o certame foi ponto de encontro de centenas de pessoas que transaccionavam desde produtos agrícolas e gado ao vestuário, assistindo à diversa animação da época. «Segundo Gama de Barros, a Feira de S. João da Guarda foi criada por carta régia, em 25 de Março de 1255, por D. Afonso III. Antes dela, na Beira, só em Vila Mendo, no reinado de D. Sancho II, em 1229, existiam feiras anuais – “feyre generale” – e três vezes por ano pela Páscoa, pelo S. João e pelo S. Miguel», refere José Manuel Mota da Romana, num dos cadernos da colecção “Fio da Memória”, editado em Junho de 2004 pela Câmara da Guarda.
O autor adianta que, «por esta razão, Vírginia Rau defende que muitas outras feiras que se seguem, são do mesmo tipo das de Vila Mendo. O caso da Guarda é exemplo».
José Manuel Mota da Romana diz ainda que a Feira de S. João da Guarda é uma das mais antigas da nossa região. Depois vêm outras: Covilhã (1260), Penamacor (1262), Trancoso (1273), Celorico (1292) e Sabugal (1296).
«A cidade da Guarda apresentava-se, sob várias facetas, importante. Era a sua posição estratégica, relativamente às incursões a sul e a leste e a sua sede de bispado. O relevo político e religioso que assumiu com o seu fundador D. Sancho I, ao conceder-lhe Foral, é significativo», relata o autor, adiantando que «a feira da Guarda, conforma consta no preâmbulo do documento régio que lhe dá existência, foi instituída a pensar na organização interna do país e no seu desenvolvimento». «O monarca é bem claro quando diz: “Considerans utilitatem publicam et priuatam tam méé Ciuitatis de Guardiã quam etiam totius Regni Portugalie et etiam vicinorum locorum circumadiacentium”, salienta, relembrando que «os “Costumes da Guarda” documentam já a existência de mercados que ainda não tinham a dimensão e a repercussão económica que a feira de S. João lhe vai conferir». D. Afonso II viria a institucionalizar a Feira de S. João, que perdurou e ultrapassou as suas crises.